Pela primeira vez, estiagem se espalha por todo o país - área afetada é bem maior que a de 2015. Veja como se proteger de uma provável crise hídrica
O Brasil enfrenta a maior seca da sua história recente e não deve ver melhora até novembro, segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia do país.
A seca já é mais severa do que a registrada em 2015. Nesta época, a falta de chuva atingiu apenas uma parte do país. Agora, pela primeira vez, a estiagem afeta a nação de forma generalizada, com exceção do Rio Grande do Sul.
A área afetada representa mais de um terço do território nacional, acima de três milhões de quilômetros quadrados. Mais de 3.800 cidades estão com alguma classificação de seca, de fraca a excepcional.
E o que é pior: os dados de 2024 ainda são parciais, pois consideram apenas os meses de janeiro a agosto. Ou seja, o cenário pode se agravar.
Por exemplo, a previsão para o mês de setembro é de uma combinação perigosa de temperaturas significativamente acima da média histórica, com precipitação abaixo da média.
No Sudeste, de acordo com o Climatempo, as temperaturas serão elevadas no interior de São Paulo e oeste de Minas Gerais, e as chuvas devem ficar entre 10mm e 30mm abaixo da média.
Entenda a situação atual do estado de São Paulo, quando ela deve melhorar e o que a sua empresa pode fazer para se proteger de uma crise hídrica desde já:
Alerta máximo: seca começou mais cedo e deve terminar mais tarde
O estado de São Paulo criou um plano para tentar amenizar os efeitos da estiagem. Este ano, a seca começou mais cedo - em abril, ao invés de junho. De forma geral, no entanto, a falta de chuva tem afetado os rios há mais de um ano, já que há estados com chuvas muito abaixo da média há mais de 18 meses. A maior parte do país não vê precipitação há mais de trinta dias.
Pelo menos dez cidades paulistas estão em situação de emergência, sendo que quatro - Bauru, Vinhedo, Artur Nogueira e São Pedro do Turvo - já estão com o fornecimento de água afetado. Por enquanto, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) afirmou não ter risco de desabastecimento.
“Levantamento da Defesa Civil mostrou que o mês de junho foi o mais seco em 63 anos. Em cidades como a capital, São José dos Campos, Ribeirão Preto e Araraquara, tivemos zero de chuva”, disse o tenente Maxwel Souza, porta-voz da Defesa, ao G1.
A previsão da Defesa Civil é de pouca chuva até o início de outubro. Segundo o especialista em engenharia hidráulica e ambiental Antônio Carlos Zuffo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a situação de pouca chuva em São Paulo deve continuar por dois anos.
“Ainda que chova em março e abril, não será suficiente para a recarga completa dos aquíferos. Estamos vindo de anos mais secos e o volume disponível está sendo consumido. Com menor recarga, haverá menos vazão nos rios”, afirmou ao Estadão, explicando que as cidades que não têm reservatórios e que fazem a captação direta em rios vão sofrer mais.
Para Zuffo, uma nova crise hídrica já era esperada, devido aos ciclos climáticos. “Tivemos a crise hídrica energética em 2002/2003, a crise hídrica em 2014/2015. Se somar mais 11 anos, há uma provável crise hídrica em 2025/2026. Já alertamos para isso lá atrás”, conclui.
Quais são os principais motivos para a atual estiagem?
De acordo com os especialistas, diversos fatores contribuem para a seca severa, em especial os seguintes eventos climáticos:
El Niño: fenômeno que aquece o Oceano Pacífico e contribui para a elevação das temperaturas e alteração dos padrões de chuva;
Bloqueios atmosféricos: o El Niño deveria acabar em abril deste ano, mas isso não aconteceu devido a bloqueios atmosféricos que impediram que as frentes frias avançassem pelo país;
Aquecimento do Atlântico Tropical Norte: o Oceano Atlântico está mais quente do que o normal, o que leva a mudanças nos padrões de chuva.
A soma destes fenômenos espalha e intensifica a seca pelo país. “Saímos de um Pacífico aquecido (El Niño) para um Atlântico Norte mais aquecido. Não houve uma trégua entre os dois eventos e isso fez com que a situação fosse se agravando gradativamente”, contou a pesquisadora e especialista em secas Ana Paula Cunha ao G1.
Quando a situação de seca deve melhorar?
Em tese, teríamos ainda um mês de estação seca pela frente, mas os cientistas creem que ela deve se estender. A chuva de outubro deve atrasar e ser mais fraca do que o esperado, havendo uma possível trégua apenas a partir de novembro.
“As chuvas [de outubro] teriam que ser acima da média para que o país se recuperasse da estiagem tão intensa. O problema não é só a falta de chuva, mas a soma disso à alta temperatura, o que deixa os rios e o solo mais secos porque a água evapora mais rápido. Em outubro e novembro, estamos mais expostos ao sol”, ilustrou Giovani Dolif, meteorologista do Cemaden, ao G1.
Enquanto a chegada do La Niña - fenômeno que resfria as águas do Pacífico - poderia minimizar a seca, não será o suficiente para diminuir os impactos. “A solução é uma temporada de chuvas acima da média, que pode ser que aconteça em janeiro, mas não há ainda uma previsão clara”, complementa Dolif.
“Esses ciclos de seca são preocupantes para as bacias. O rio sobrevive com a água do lençol freático, que passa abaixo dele. Se não tem chuva, esse lençol não é alimentado e, com tanto tempo sem repor água, isso dificulta a recuperação. Já estamos vendo rios menores, de cabeceiras, desaparecerem com o tempo em alguns pontos”, alerta Adriana Cuartas, hidróloga e pesquisadora, ao G1.
Ao que tudo indica, mesmo que tenhamos um pouco de chuva ainda este ano, a situação não deve ver grande avanço. Pode melhorar a curto prazo, mas, a longo prazo, como advertiu Zuffo, o problema deve persistir.
Empresas e grandes consumidores de água: como se proteger da próxima crise hídrica?
Empresas e indústrias, ao lado do setor agrícola, utilizam muito mais água do que as residências.
Isso leva a um maior risco - com certeza, você não pode ficar sem água para a sua produção - e a uma maior responsabilidade, afinal, o uso consciente e a aplicação das melhores práticas ambientais fazem uma diferença maior, tanto na segurança hídrica do seu negócio, quanto na preservação deste recurso a longo prazo.
Existem algumas medidas com potencial de trazer resultados mais significativos para a sustentabilidade e segurança de seu negócio. Estamos falando, principalmente, da utilização de fontes alternativas de água, desde captações subterrâneas até captações pluviais e reuso de efluentes, por exemplo.
Em Vinhedo, na região de Jundiaí, uma das cidades paulistas em rodízio desde maio, a decretação da prefeitura de estado de crise hídrica autorizou o serviço de água a utilizar poços e reservatórios particulares. Em Bauru, algumas regiões estão sendo abastecidas por caminhões-pipa.
Ao invés de depender dos serviços da concessionária ou de pipas, no entanto, as empresas podem ter um sistema de abastecimento próprio, com fontes alternativas e mais sustentáveis, e captar e tratar toda a água de que precisam dentro de seu próprio terreno.
Sei o que você está pensando: o investimento para ter um sistema destes deve ser muito alto. Realmente, é. Mas existem modelos de negócio no mercado que não exigem um centavo da sua empresa para que ela tenha um abastecimento próprio.
Estamos falando do WAAS (“Water as a Service”), um modelo de negócios do tipo BOT ideal para quem quer aumentar a qualidade e a segurança hídrica de seu negócio, bem como economizar na conta de água.
Ele é implantado por uma concessionária de saneamento particular, a NeoWater, responsável por projetar, operar e manter diferentes soluções personalizadas para o seu empreendimento, o que pode incluir poços artesianos, captação de água da chuva, estações de tratamento de água para potabilidade ou uso industrial e de efluentes sanitários para reuso.
O resultado é que você se torna autossuficiente em água e não tem nenhuma dor de cabeça com desabastecimento ou falta de qualidade. A melhor parte é que não é necessário fazer nenhum investimento - a modalidade funciona sob contrato e você paga somente pelo serviço customizado prestado à sua empresa. Ao final do período negociado, o sistema se torna seu para operar por conta própria, se desejado.
Não sabemos como a provável próxima crise hídrica vai afetar as empresas. Isso inclui os prazos legais para a obtenção de licenças ambientais e para a implantação das soluções alternativas mencionadas. Ou seja, para evitar maiores riscos, é muito importante agir agora.
Quer saber mais sobre o WAAS? Entre em contato conosco! Nossa equipe técnica está pronta para tirar suas dúvidas e te ajudar a alcançar autonomia e segurança hídrica.
Commenti