Com o agravamento das crises hídricas no mundo todo, empresas precisam focar em uma gestão sustentável da água para eliminar riscos. Saiba quais estratégias de eficiência hídrica aplicar para garantir o crescimento de seu negócio
Com o agravamento de sucessivas crises hídricas, empresas do Brasil e do mundo todo têm buscado alternativas para problemas cada vez mais complexos.
Além dos impactos provocados pelas mudanças climáticas, os negócios precisam lidar com baixos índices de saneamento, desperdício e pressão sobre custos, que geram escassez e baixa qualidade de água.
No que diz respeito à sustentabilidade e ao crescimento dos negócios, a água é um fator essencial. Infelizmente, também é finito.
É por esse motivo que uma boa gestão de recursos hídricos deve ser prioridade para qualquer empresa, independentemente de seu porte ou ramo de atividade.
Entendendo essa necessidade como urgente, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) criou o Compromisso Empresarial Brasileiro para a Segurança Hídrica em 2018, cujo objetivo é consolidar a contribuição do empresariado brasileiro na implantação de soluções inovadoras.
Entre os signatários da carta compromisso encontram-se empresas como AEGEA, Ambev, Anglo American, Braskem, BRK Ambiental, Coca-Cola Brasil, Grupo Boticário, Heineken, Natura e Unilever.
Como inspiração para empreendimentos de todo o mundo, é possível acompanhar o que todas elas estão fazendo para cumprir as metas estabelecidas no hub digital Aquasfera.
O CEBDS também reuniu 5 princípios básicos que devem reger um trabalho eficiente de gestão de recursos hídricos com base em alguns cases de sucesso do projeto. Abaixo, separamos as melhores dicas de cada uma das estratégias para você colocar em prática desde já:
5 estratégias para a eficiência hídrica
As estratégias abaixo podem ser usadas separadamente ou em conjunto para que sua empresa se torne cada vez mais sustentável em água e diminua o impacto no meio ambiente.
1 – Tenha uma cultura organizacional que incorpore a gestão hídrica
É importante que as empresas tenham uma política e uma prática corporativas voltadas para um bom gerenciamento dos recursos hídricos.
Por exemplo, o Grupo Boticário realiza campanhas de engajamento de seus colaboradores, com desafios para redução do consumo de água baseados em premiações e rankings. Também incentiva ações de redução do consumo de água, bem como a utilização de água de reuso nas operações de seus fornecedores.
Já a Braskem possui o maior projeto de reuso da América Latina, gerando 100% da água utilizada nas plantas do ABC a partir de esgoto doméstico. Durante a crise hídrica de 2014/15, a empresa não precisou reduzir sua produção, evitando uma perda financeira potencial de mais de R$ 200 milhões.
Essas ações, além de diminuírem custos operacionais, podem garantir o suprimento de água e matérias-primas e contribuir com a conservação de ecossistemas aquáticos
2 – Avaliação e monitoramento de consumo de água
A avaliação do consumo de água da sua empresa é essencial para o direcionamento de ações de prevenção e mitigação, além do mapeamento de oportunidades por meio da adoção das melhores práticas.
Sem fazer um balanço hídrico que mostre onde sua empresa mais consome água, por exemplo, como você saberá qual ação terá o maior potencial de redução de custos, aumento de eficiência operacional ou diminuição de desperdício?
É importante também acompanhar esse consumo ao longo do tempo, para saber como e quanta água está sendo utilizada em cada área de seu negócio.
Desde 2012, a Bayer realiza um projeto de gestão que monitora a demanda diária de água para a produção de sementes de milho, gerando uma economia equivalente ao consumo de 560 mil pessoas e um aumento médio de 14% na eficiência de irrigação.
Isso porque p monitoramento levou à implementação de uma metodologia que considera a demanda correta de água para os campos, evitando excessos no consumo.
3 – Valoração do risco hídrico
Será que a sua empresa realmente sabe quão valiosa a água é para ela?
A falta de conhecimento pode atrasar ou até impedir que projetos de eficiência de hídrica aconteçam, uma vez que muitos gestores desconsideram fatores como escassez e qualidade de água para os seus negócios.
Para contornar essa barreira, o CEBDS sugere que as empresas valorem o real custo da água em todos os seus processos.
Uma forma de fazer isso é incorporando mensuração nos equipamentos que utilizam água e lançando os registros numa base de dados integrada, de forma semelhante ao monitoramento de uso da água da Bayer.
Você também deve desenvolver parâmetros para medir o impacto do estresse hídrico para a sua empresa, bem o custo de mecanismos de remediação.
Por exemplo, se faltar água, quanto dinheiro o seu negócio perderia? E quanto você gastaria para evitar uma perda maior?
É importante ainda calcular e gerar índices de valores financeiros para o seu desempenho atual, em comparação com o risco do impacto financeiro em diferentes cenários de escassez hídrica.
Se você continuar fazendo tudo como faz hoje, qual será o impacto de uma crise hídrica não prevista para a sua empresa? Se você investir em segurança hídrica hoje, qual será o ganho?
A Ecolab, empresa americana especializada em tratamento de água, desenvolveu uma ferramenta em parceria com a Trucost e a Microsoft chamada “Water Risk Monetizer”, que fornece informações práticas para ajudar as empresas a compreender e quantificar financeiramente os riscos relacionados à água.
O objetivo é que as empresas entendam os riscos para embasar corretamente decisões responsáveis por promover o seu crescimento. A ferramenta é disponível gratuitamente ao público: www.WaterRiskMonetizer.com.
4 – Pegada hídrica e avaliação de sustentabilidade
Determinar a pegada hídrica de sua empresa é muito importante, pois ela é um indicador relevante do consumo de água na produção de bens e serviços, independentemente da escala e da natureza da atividade.
O CEBDS sugere que empresas façam, como etapa da mensuração de sua pegada hídrica, uma avaliação de sustentabilidade com objetivo de identificar eventuais problemas nessa área.
Você pode desde avaliar o risco de escassez hídrica na bacia hidrográfica da sua região até obter subsídios para a elaboração de um plano de mitigação do impacto da água em uma planta industrial.
A New Steel, por exemplo, monitora a quantidade e a qualidade de água e efluentes em suas plantas por meio de programas de controle para projetos específicos.
Os processos envolvem a avaliação da eficiência dos sistemas de tratamento dos efluentes, sejam eles sanitários, oleosos ou químicos. Essas análises frequentes permitem a verificação de eventuais contaminantes, definindo medidas corretivas e mitigadoras.
Já a Anglo American realiza um balanço hídrico mensal não só para identificar a demanda de água do empreendimento, mas também acompanhar a disponibilidade hídrica.
Além disso, realiza projetos de recuperação e proteção de nascentes na região do sistema MinasRio, em Minas Gerais, e de Barro Alto, em Goiás, com o intuito de melhorar a qualidade e a disponibilidade de água nessas regiões. Desde o início dos projetos, foram recuperadas 49 nascentes, sendo 33 em Minas Gerais e 16 em Goiás.
5 – Tenha um sistema de saneamento
Ter um sistema de saneamento adequado possui muitas vantagens: aumenta a eficiência no uso de água em processos industriais, evita altos custos de tratamento e permite o abastecimento seguro.
O CEBDS sugere especificamente o reuso de águas residuais, o que diminui a necessidade de grandes volumes de captação para operar e confere maior resiliência diante de riscos de escassez hídrica.
Também pode resultar em economias significativas de energia e produtos químicos, além de reduzir taxas de descargas de efluentes.
A Natura, por exemplo, utiliza água de reuso em larga escala envolvendo sanitários, limpeza predial e utilidades (água gelada e vapor) em Cajamar (SP).
No complexo industrial de Ecoparque, em Benevides (PA), utiliza um sistema de jardins filtrantes para o tratamento da água das instalações.
Em Natura São Paulo (NASP), dispõe de sistema de captação de água de chuva para irrigação e uso em sanitários.
Já a Agreste Saneamento, concessionária do grupo Iguá que presta serviços de captação e tratamento em Alagoas, utiliza os resíduos gerados pelo processo de tratamento de água para a fabricação de tijolos ecológicos.
O reaproveitamento do lodo não só reduz custos operacionais como gera impacto positivo no meio ambiente, colabora para a redução de áreas desmatadas e leva à economia no consumo de água para produção de tijolos.
O descarte de 1.196 m³ de lodo já possibilitou a produção de 1,79 milhão de tijolos amplamente aplicados na construção civil.
Como aplicar as estratégias de eficiência hídrica no seu negócio
Embora as dicas da CEBDS sejam excelentes, para muitos empreendedores, colocar algumas dessas soluções em prática pode parecer complicado, burocrático ou inviável financeiramente.
A boa notícia é que não precisa ser: existem soluções no mercado como a WAAS (“water as a service”, da NeoWater) que levam autossuficiência e sustentabilidade em água para as empresas com custo de investimento zero.
Já pensou em fazer um balanço hídrico do seu consumo de água? E em ter um sistema de saneamento próprio, com captação, tratamento e reuso de água in site?
Ou melhor, já pensou em ter tudo isso sem se preocupar com os custos de implementação e operação? É possível!
Entre em contato conosco! Nossa equipe pode te ajudar a ter uma excelente gestão de recursos hídricos.
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