Você está lendo a segunda parte do artigo “Relatório indica aumento recorde nas tarifas de água no mundo todo”. Se quiser conferir a primeira parte, clique aqui.
Onde a água é mais cara no mundo e como fica o Brasil neste ranking?
O país que paga a tarifa de água mais alta no mundo são as Ilhas Cayman, com uma média de US$ 8,78 por metro cúbico, seguidas de perto por outras nações insulares, como as Ilhas Virgens dos EUA (US$ 8,26 por metro cúbico), Anguila (US$ 8,05 por metro cúbico) e Bermudas (US$ 7,38 por metro cúbico).
Ilhas normalmente possuem tarifas de água altas por conta de uma notória dificuldade em produzir água potável - as fontes são geralmente escassas. Na outra ponta, a Irlanda tem água gratuita, embora o governo tenha feito algumas tentativas de introduzir tarifas.
Uma pesquisa espanhola de 2021 indicou que, de forma geral, os preços mais elevados estão na Europa, América do Norte e Austrália, embora existam grandes diferenças dentro dessas regiões.
Se tentarmos equilibrar o valor das tarifas com o poder aquisitivo de cada região, entretanto, a figura muda bastante. Cidades com água aparentemente muito cara – como Oslo, na Noruega – se revelam dentro do poder de compra dos locais, enquanto a tarifa do Rio de Janeiro fica mais de seis vezes mais cara do que aparenta no ranking.
Ou seja, quando levamos em conta a relação entre a tarifa paga e o salário médio em cada cidade analisada, os países que têm as contas mais caras são, na verdade, os da América Latina e África, sendo o Rio de Janeiro justamente a cidade com a conta mais alta entre as analisadas.
Já um estudo de 2017 da Superintendência de Serviços Sanitários do Chile que comparou o preço por metro cúbico de água potável na América Latina concluiu que apenas San Salvador (El Salvador) tinha uma água mais cara que o Rio de Janeiro, seguido de cidades como Bogotá (Colômbia), Santiago (Chile), Cali (Colômbia), Montevidéu (Uruguai) e Assunção (Paraguai).
Isso não significa que a conta de água no Brasil todo é mais cara que no resto do mundo. Como já vimos, as diferenças entre países e cidades podem ser gigantescas.
“O custo médio, como o nome já diz, é só uma média. O poder aquisitivo na América Latina é menor em relação ao resto do mundo, mas muitas cidades ainda têm tarifas subsidiadas que precisam aumentar muito”, lamenta Graziano. “De forma geral, inclusive, para alcançar um serviço de qualidade ou universal, a maioria dependerá desse aumento”.
Afinal, se os poderes de compra não são iguais, a qualidade da água que chega às casas também não é. Cidades com salários médios mais elevados tendem a ter água de melhor qualidade justamente porque conseguem investir mais na conservação e no tratamento.
Um relatório de 2021 da Organização das Nações Unidas (ONU), “O Valor da Água”, mostrou que menos de 40% do esgoto na América Latina é tratado com segurança, e que cerca de um quarto dos rios são afetados por contaminação grave de patógenos, por exemplo.
Atraso brasileiro: o problema não é só de infraestrutura, mas de planejamento e gestão
Gesner Oliveira, ex-presidente da Sabesp e coordenador do Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais da Fundação Getúlio Vargas, concedeu uma entrevista à Gazeta do Povo na qual afirmou que o Brasil está de duas a três décadas atrasado em relação à experiência internacional no que diz respeito ao saneamento. Mesmo países como Colômbia, Uruguai e Argentina têm cobertura maior que a brasileira.
O saneamento é um tipo de infraestrutura complexa que requer anos de planejamento e gestão profissional. Sem isso, a qualidade do serviço inevitavelmente cai. Por fim, a estrutura de mercado do saneamento é de monopólio natural: apenas uma empresa vai cuidar de uma cidade inteira.
Isso significa, para Oliveira, que tem que haver uma regulação muito equilibrada: “Não se pode ter uma tarifa baratinha, boa para o consumidor atual, mas que não fará o serviço chegar aos filhos e netos dele, por falta de investimento”, defendeu.
Um agravante no caso do Brasil é o problema cultural: de acordo com Oliveira, o espaço público nacional é pouco valorizado. Não há entendimento de que o saneamento é um bem de saúde pública, de forma que as ruas e o esgotamento doméstico não são bem cuidados.
Para Pedro Graziano, essas são mais evidências de que a tarifa de água brasileira não tem outra saída a não ser ficar cada vez mais cara: “Temos que planejar mais, investir muito mais, ampliar o acesso, além de mitigar os estragos ambientais já em curso. E tudo isso enquanto as tarifas são subsidiadas em diversas regiões”, complementa.
Riscos hídricos: insegurança para a população, e em especial para empresas e indústrias
O uso global de água doce tem aumentado a cada ano, o que significa que devemos experimentar um déficit hídrico global de 40% até 2030, se nada mudar.
Ainda de acordo com o relatório “O Valor da Água” da ONU, a América Latina e o Caribe têm uma média de quantidade de água por habitante de cerca de 28 mil metros cúbicos por ano, o que é mais de quatro vezes a média mundial, de 6 mil m³/habitante/ano.
Contudo, em muitas partes dessa região, o estresse hídrico tem criado uma série de conflitos, já que setores como agricultura, hidroeletricidade, mineração e saneamento competem por recursos escassos.
Soma-se a isso o risco dos eventos climáticos extremos, agora mais frequentes, especialmente crises hídricas por escassez e enchentes severas, e temos um problema considerável a enfrentar nos próximos anos.
Para as empresas e indústrias, essa combinação pode ser desastrosa. Em uma pesquisa realizada com 525 investidores, 45% relataram exposição a riscos substanciais de insegurança hídrica (CDP, 2020), de acordo com a UNESCO.
Tais riscos ameaçam sua reputação e licenciamento para operar, a segurança de suas cadeias de abastecimento, sua estabilidade financeira e sua capacidade de crescimento. Entre as empresas que relataram exposição a riscos, o valor combinado de negócios em risco chegou a US$ 425 bilhões.
De acordo com Thomas Schumann, fundador da Thomas Schumann Capital, empresa que criou índices de segurança hídrica para investimentos nos EUA e na Europa, o prejuízo financeiro do risco hídrico para os negócios é projetado em US$ 300 bilhões, ou cinco vezes mais se não lidarmos com eles.
Embora a maioria das discussões ambientais se concentre nas emissões de gases de efeito estufa, nove dos dez maiores riscos enfrentados pela humanidade estão na verdade ligados à falta de água, explicou Schumann.
Afinal de contas, a água é insubstituível - as empresas podem até continuar operando enquanto poluem e lançam grandes quantidades de carbono na atmosfera, mas não sem água.
De olho no futuro: como se proteger dos riscos hídricos e do aumento nas tarifas?
Grandes consumidores de água precisam de soluções inteligentes e mais sustentáveis para proteger seus negócios e o meio ambiente. Muitos empreendimentos não sobreviveriam a um grande aumento nos custos ou a um constante desabastecimento.
A NeoWater surgiu exatamente para ser uma alternativa ao abastecimento convencional e proporcionar a esses consumidores mais eficiência, economia, sustentabilidade, segurança operacional e, em última análise, autossuficiência hídrica.
Graziano explica como funciona a modalidade criada pela empresa: o WAAS (“Water as a Service”) é um modelo de negócios do tipo BOT desenhado para aumentar a qualidade e a segurança hídrica de seu negócio, a uma tarifa inferior ao valor pago às concessionárias.
O modelo é baseado na substituição do abastecimento por concessionária ou caminhão-pipa por um sistema alternativo onsite. Em outras palavras, a NeoWater realiza estudos de viabilidade, projeta, opera e mantém diferentes soluções personalizadas para garantir que a sua empresa produza na própria planta água na quantidade e qualidade necessárias.
Isso inclui desde poços artesianos e estações de tratamento de água a estações de tratamento de efluentes para reuso, monitoramento IoT e outras tecnologias - tudo para captar, tratar, distribuir e gerir sua água com o máximo de eficiência e sem desperdício.
O resultado é autonomia e economia garantida na conta – normalmente, 30% a 50% em relação ao valor do abastecimento convencional.
Além do impacto financeiro, existem impactos sociais e ambientais mensuráveis significativos. Isso porque as concessionárias, de acordo com o mais recente estudo do Instituto Trata Brasil, desperdiçam cerca de 8.000 piscinas olímpicas de água tratada por dia, o equivalente a 40,3%, na distribuição.
Se você é uma empresa de médio porte que consome aproximadamente 1.500m³ de água por mês, ao se desligar de sua concessionária local, você deixa de desperdiçar até 1 milhão de litros ao mês.
Além disso, disponibiliza água para abastecer cerca de 454 pessoas na sua comunidade, e evita a geração de 125 toneladas de lodo residual no processo de tratamento dessa água, quantia que seria destinada aos aterros caso este processo fosse realizado em uma estação de tratamento de água convencional após captação superficial.
WAAS: água sustentável, tarifa sustentável
Ter captação, tratamento e distribuição de água próprios tem inúmeras vantagens. Os obstáculos são, geralmente, o custo alto de aquisição do sistema, bem como as dificuldades de operação e manutenção.
Mais uma vez, o modelo WAAS aparece para suprir essas demandas. Não é necessário fazer nenhum investimento para ter água na quantidade ou qualidade desejada; a modalidade funciona sob contrato, e você paga somente pelo serviço customizado prestado à sua empresa, a uma tarifa muito mais econômica que a atual.
“Além do impacto positivo, o WAAS é também projetado para eliminar toda a dor de cabeça de construção e operação do sistema em sua planta, incluindo a responsabilidade legal pela qualidade da água. É muito melhor deixar que os especialistas cuidem disso, e focar no seu core business”, explica Graziano.
Gostaria de testar a viabilidade do WAAS para o seu negócio? Fale conosco! Nossos especialistas estão prontos para te atender.
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